26 - O LIVRO DE EZEQUIEL



  • Autor: Ezequiel
  • Tema: O Juízo e a Glória de Deus
  • Data: 590-570 a.C.


  • Considerações Preliminares

    O contexto histórico do livro de Ezequiel é a Babilônia durante os primeiros anos do exílio babilônico (593-571 a.C.). Nabucodonosor levou cativos os judeus de Jerusalém para a Babilônia em três etapas: (1) em 605 a.C., jovens judeus escolhidos foram deportados para Babilônia, entre eles Daniel e seus três amigos; (2) em 597 a.C., 10.000 cativos foram levados à Babilônia, estando Ezequiel entre eles; e (3) em 586 a.C., as forças de Nabucodonosor destruíram totalmente a cidade e o templo, e a maioria dos sobreviventes foi transportada à Babilônia. O ministério profético de Ezequiel ocorreu durante a hora mais tenebrosa da história do Antigo Testamento: os sete anos que precederam a destruição, em 586 a.C. (593-586 a.C.), e os quinze anos seguintes (586-571 a.C.). O livro provavelmente completou-se cerca de 570 a.C.

    Ezequiel, cujo nome significa "Deus fortalece", era de família sacerdotal (Ez 1.3) e passou os vinte e cinco primeiros anos da sua vida em Jerusalém. Estava se preparando para o trabalho sacerdotal do templo quando foi levado prisioneiro à Babilônia em 597 a.C. Uns cinco anos mais tarde, aos trinta anos (Ez 1.2,3), Ezequiel recebeu sua chamada profética da parte de Deus, e a partir daí ministrou fielmente durante vinte e dois anos, pelo menos (Ez 29.17). Ezequiel tinha uns dezessete anos quando Daniel foi deportado e, portanto, os dois eram praticamente da mesma idade. Ezequiel e Daniel foram contemporâneos de Jeremias, porém mais jovens que ele e, provavelmente, foram por ele influenciados, por ser profeta mais velho em Jerusalém (cf. Dn 9.2). Quando Ezequiel chegou à Babilônia, Daniel já era bem conhecido como homem de elevada sabedoria profética; Ezequiel refere-se a ele três vezes no seu livro (Ez 14.14,20; 28.3). Ao contrário de Daniel, Ezequiel era casado (Ez 24.15-18), e vivia como um cidadão comum entre os exilados judeus, junto ao rio Quebar (Ez 1.1; 3.15,24; cf. Sl 137.1).

    O livro claramente atribui suas profecias a Ezequiel (Ez 1.3; 24.24). O uso do pronome pessoal "eu" através do livro, juntamente com a harmonia estilística e a linguagem, indicam a autoria exclusiva de Ezequiel. As profecias de Ezequiel  têm datas exatas por causa de sua organização em datá-las (cf. Ez 1.1,2; 8.1; 20.1; 24.1; 26.1; 29.1,17; 30.20; 31.1; 32.1,17; 33.21; 40.1). Seu ministério começou em julho de 593 a.C. e continuou, pelo menos, até a última profecia registrada em abril de 571 a.C.


    Propósito

    O propósito das profecias de Ezequiel foi duplo: (1) entregar a mensagem divina do juízo ao povo apóstata de Judá e Jerusalém (cap. 1 ao cap. 24) e às sete nações estrangeiras ao seu redor (cap. 25 ao cap. 32); e (2) conservar a fé do remanescente fiel a Deus no exílio, concernente à restauração de seu povo segundo o concerto e à glória final do reino de Deus (cap. 33 ao cap. 48). O profeta também ressaltava a responsabilidade pessoal de cada indivíduo diante de Deus, ao invés de somente culpar os antepassados e seus pecados como a causa do exílio como julgamento (Ez 18.1-32; 33.10-20).


    Visão Panorâmica

    O livro de Ezequiel está bem organizado, e seus quarenta e oito capítulos dividem-se naturalmente em quatro seções principais: (1) A seção introdutória (cap. 1 ao cap. 3) descreve a poderosa visão que Ezequiel teve da glória e do trono de Deus (cap. 1) e o encargo divino que o profeta recebeu para seu ministério profético (capítulos 2 e 3).

    (2) A segunda seção (cap. 4 ao cap. 24) contém a mensagem contundente de Ezequiel sobre o juízo vindouro e inevitável de Judá e Jerusalém, devido a sua obstinada   rebeldia e apostasia. Durante os últimos sete anos de Jerusalém (593-586 a.C.), Ezequiel advertiu os judeus de Jerusalém e os cativos em Babilônia, que não deviam alimentar a falsa esperança de que Jerusalém  sobreviveria ao julgamento. Os pecados passados e presentes de Jerusalém provocavam a sua segura ruína. Ezequiel trombeteia sua mensagem profética de juízo através de várias visões, parábolas e atos simbólicos. Os capítulos 8, 9, 10 e 11 descrevem como Deus levou Ezequiel  a Jerusalém numa visão para profetizar contra a cidade. No capítulo 24, a morte da querida esposa do profeta serviu de parábola e sinal da destruição de Jerusalém.

    (3) A terceira seção (cap. 25 ao cap. 32) contém profecias de juízo contra sete nações estrangeiras que se alegravam da calamidade de Judá. Na profecia sobremaneira longa contra Tiro, aparece uma descrição mascarada de Satanás (Ez 28.11-19) como o verdadeiro agente por trás do rei de Tiro.

    (4) A seção final do livro (cap. 33 ao cap. 48) assinala uma transição na mensagem do profeta, que mudou do terrível juízo para o consolo e a esperança futuros (cf. Isaías cap. 40  ao cap. 66). Depois da queda de Jerusalém, Ezequiel profetiza a respeito do avivamento e restauração futuros, quando, então, Deus será o verdadeiro Pastor do Seu povo (cap. 34) e dará aos seus um "novo coração" e um "novo espírito" (cap. 36). Neste contexto surge a famosa visão de Ezequiel, de um exército de ossos secos que ressuscitam mediante a mensagem profética (cap. 37). O livro termina com a descrição da restauração escatológica do templo santo, da cidade santa de Jerusalém, e da terra santa de Israel (cap. 40 ao cap. 48).

    Características Especiais

     
    Sete características principais assinalam o livro de Ezequiel: (1) Contém um grande número de visões surpreendentes, de parábolas arrojadas e de ações simbólicas e excêntricas, como um meio de expressão da revelação profética de Deus. (2) Seu conteúdo é organizado e datado com cuidado: registra mais datas do que qualquer outro livro profético do Antigo Testamento. (3) Duas frases características ocorrem do começo ao fim do livro: (a) "então saberão que eu sou o SENHOR" (sessenta e cinco ocorrências com suas variantes); e (b) "a glória do SENHOR" (dezenove ocorrências com suas variantes). (4) Ezequiel recebe de Deus, de modo peculiar, os nomes de "filho do homem" e "atalaia". (5) Este livro registra duas grandiosas visões do templo: uma delas mostra-o profanado e à beira da destruição (cap. 8 ao cap. 11), e a outra, purificado e perfeitamente restaurado (cap. 40 ao cap. 48). (6) Mais do que qualquer outro profeta, Ezequiel recebeu ordens de Deus para identificar-se pessoalmente com a palavra profética, expressando-a através do simbolismo profético. (7) Ezequiel salienta a responsabilidade pessoal do indivíduo e sua responsabilidade diante de Deus.


    O Livro de Ezequiel ante o Novo Testamento

    A mensagem dos capítulos 33 ao 48 concerne, em síntese, à futura obra redentora de Deus conforme revela no Novo Testamento. Fala não somente da restauração física de Israel à sua terra, como também da sua restauração final futura, isto é, sua plena realização reservada por Deus, como o Israel espiritual, junto às nações como resultado de missões. Profecias importantes em Ezequiel a respeito do Messias do Novo Testamento: Ez 17.22-24; 21.26,27; 34.23,24; 36.16-38 e 37.1-28.


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    BIBLIOGRAFIA

    Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, Edição de 1995, ano 2002, pp. 1169, 1170 e 1171.

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