CRISTIANISMO E DESOBEDIÊNCIA CIVIL


É difícil contrabalançar os conceitos de submissão às autoridades e de desobediência civil, já que, por definição, são termos antagônicos.
A Bíblia apresenta ordens estritas sobre o respeito dedicado às autoridades.
"Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas. Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se colocando contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si mesmos" (Rm 13.1,2).
Como é possível então, diante da clareza do texto de Paulo advogar que o cristão pratique desobediência civil?
Para tal precisamos entender o pressuposto fundamental para lidar com temas bíblicos que, aparentemente, pareçam contraditórios.
Em primeiro lugar, é preciso ter certeza de que a Bíblia é Inerrante. Para seguir a Cristo você precisa ter esta convicção. Compreender que cada ideia grafada no texto sagrado, do fragmento mais profundo ao mais aparentemente frugal, foi orientado e inspirado pelo Senhor. Entender que mesmo escrita por dezenas de autores, intervalados por mais de um milênio, a Bíblia compreende em si a vontade e o propósito de Deus.
Ao reconhecer a inerrância você automaticamente reconhece que não pode haver contradições nela. E que qualquer impressão que você tenha que sugira que a Palavra está desmentindo a si mesma é, na verdade, inépcia em interpretá-la, já que se Deus é perfeito e ela é Sua Palavra, por conseguinte, ela é perfeita.
Logo, não pode haver antagonismo entre respeitar as autoridades instituídas por Deus e praticar desobediência civil. As duas coisas precisar coexistir.
Do mesmo modo como há o texto inequívoco de Rm. 13 há também textos pétreos em que a desobediência civil é evocada.
Os apóstolos recebem a ordem de Cristo de ir por todo o mundo e pregar o evangelho a todos.
O Império Romano ordena que a pregação cesse.
Os apóstolos, fundamentados na ordenança do senhor, continuam pregando, sendo presos e posteriormente mortos por sua recusa em desistir das boas novas.
O Antigo Testamento também está repleto de exemplos: Elias, que é usado por Deus para se erguer contra Acabe e Jezabel ,é um dos casos mais célebres, entretanto, o mesmo pode ser atribuído à maioria dos profetas do AT, que eram denunciadores incólumes dos desmandos dos monarcas que faziam o que era mal perante o Senhor.
Toda autoridade deve ser respeitada até o limite em que obedecê-la não afronte os preceitos e da Palavra de Deus.
No que o governante ordena, que foge aos princípios bíblicos, o cristão, não só pode como deve, praticar desobediência civil.
Hoje em dia, a maior parte do trabalho missionário em áreas sob domínio islâmico ou comunista, se realiza de forma clandestina, por causa de proibições governamentais. Os missionários, para honra e glória do Senhor, estão praticando desobediência civil.
Muitos, se capturados, são executados. Serão galardoados de acordo com o martírio sofrido em nome de Cristo, e não repreendidos por terem desrespeitado leis humanas de ditadores.
Após o arrebatamento, quando o anticristo impor à força sua marca, a única oportunidade de salvação para aqueles que estiverem ainda sobre a Terra será a recusa tácita, a desobediência civil ao governo reinante, punível com a morte.
Respeite o governo em tudo aquilo que não afronta a Palavra de Deus.
No que exceder, lembre-se, o Reino ao qual você pertence é maior. Não é daqui.
Sua responsabilidade maior é com o Reino eterno, e não há obediência que suplante a devida a Ele, o Cordeiro.

Fonte: GOSPELPRIMER

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